Psoríase, uma doença que afeta vários orgãos

A PSORÍASE REPORTAGENS

Dr. Cid Yazigi Sabbag, autor do livro Psoríase: Descobertas Além da Pele, resume aspectos mais relevantes da psoríase.

Psoríase, quantos pacientes nunca ouviram falar dessa doença até receber o diagnóstico de dermatologista? E claro, ficam chocados com a afirmação seguinte: não tem cura e vai ter conviver com ela! Certamente não é uma boa atitude porque há avanços nos tratamentos da psoríase para um controle total.

Certamente a maioria dos brasileiros está sem o diagnóstico correto porque não têm acesso ao atendimento médico especializado. Talvez mais de milhões de pessoas tem ou terão desenvolvido a psoríase, ou seja, aproximadamente 2 a 3 % da população. Os casos na família são de 30% em média, especialmente se um dos pais já desenvolveu a psoríase na pele ou articulação. Homens e mulheres tendem a ter mesma incidência de psoríase. A faixa etária mais comum de desenvolver a psoríase é dos 16 a 60 anos, mas pode ser antes ou depois.

Geralmente, o diagnóstico definitivo é demorado pois a aparência das placas de psoríase lembram várias dermatoses. Vejam alguns diagnósticos diferenciais da psoríase: dermatite seborréica ou caspa no couro cabeludo, orelhas e face (psoríase vulgar); micose nas unhas (psoríase ungueal);  alergias e eczemas em qualquer área do corpo (psoríase vulgar em placas); dermatite de contato nas mãos ou pés (psoríase palmo-plantar); pitiríase rósea(psoríase gutata); inchaços nas articulações, bursite, tendinite e rigidez nos dedos das mãos (psoríase artropática).

Veja alguns exemplos na seção Fotos.

Enfim, com o diagnóstico incorreto utiliza-se medicamentos que podem até piorar a evolução da psoríase. O médico dermatologista quando tem dúvida, anestesia a lesão e faz a biópsia, enviando material para exame anatomopatológico que confirma a psoríase ou dá possibilidade de ser, chamando de dermatite psoriasiforme.

No caso da dor muscular ou articular, há indicação de avaliação pelo médico reumatologista, o qual também avaliará exames de sangue específicos. Procure comentar com seu dermatologista sobre dor nos músculos, tendões e juntas.

Ao contrário do que dizem alguns livros de dermatologia, a psoríase provoca coceira que muitas vezes é o que mais incomoda e afeta sono e qualidade de vida. Medicamentos antialérgicos podem não funcionar porque o alívio só ocorrerá com a melhora da psoríase.

Há diversos fatores desencadeantes que podem tornar as crises de psoríase mais frequentes e devem ser evitados; uso de corticóides, especialmente as injeções e comprimidos pois podem provocar o alastramento das lesões e chegar até 100% do corpo; os cremes e shampoos com corticóides devem ser prescritos pelo dermatologista e utilizados por poucas semanas. Medicamentos betabloqueadores como propanolol também devem ser evitados, pois em alguns casos pioram a psoríase, assim como medicamentos para tratamento da depressão como lítio e fluoxetina também. Nenhum medicamento deve ser suspenso até que converse com seu médico. As infecções, especialmente por bactérias, podem levar a surtos de psoríase e devem ser prevenidas. O clima frio e baixa umidade tende a piorar a psoríase.

Atualmente, a psoríase é considerada uma doença sistêmica (que atinge vários sistemas, órgãos) e mediada pelos sistema imunológico de defesa, levando a uma inflamação crônica. Tem base genética cada vez mais pesquisada e que explica as diversas formas de psoríase na pele e articulação e também explica as doenças que acompanham a psoríase, como a síndrome metabólica, obesidade e riscos cardiovasculares nos casos mais graves e de longa duração. Dr Cid Sabbag contribui para pesquisa científica nessas áreas em conjunto com Hospital Universitário da USP, em São Paulo, avaliando aterosclerose nas pessoas com psoríase e psoríase artropática.

Os tratamentos da psoríase são personalizados para cada paciente e em cada momento da vida. O que funcionou em uma crise pode não ser tão eficaz na próxima. O que o amigo tomou e deu bons resultados, pode até exacerbar a psoríase em outra pessoa. Evite automedicação!

Para casos com poucas lesões e que não afeta a qualidade de vida, utiliza-se medicamentos tópicos, ou seja, cremes, pomadas, xampus. Para casos de lesões mais extensas, adiciona-se a fototerapia ultravioleta UVB ou PUVA.

Veja sessão Fototerapia

Nos casos mais graves, sempre que possível será indicado medicamento oral ou injetável após análise dos exames de sangue para avaliar se fígado, rins e outros órgãos estão em perfeito funcionamento para receber e metabolizar as medicações. Não existe vacina para psoríase, mas medicamentos injetáveis embaixo da pele (subcutâneo) ou pela veia (endovenoso).

Esses tratamentos são apenas parte de um todo que envolve mudanças de hábitos de vida, como fazer atividades físicas, alimentar-se bem, não fumar e não abusar de bebidas alcóolicas.

Não espere toda melhora da psoríase apenas com os medicamentos prescritos!

Nos últimos anos, descobriu-se que a psoríase da pele e/ou das articulações podem levar a alterações em outros órgãos, levando ao desenvolvimento da síndrome metabólica,  aumentando os índices do colesterol, triglícérides e da glicemia. O aumento do peso é bastante comum, pois há relação entre psoríase e obesidade. Hipertensão e problemas cardiovasculares podem aparecer nas pessoas com formas mais graves da psoríase e que a tem por muitos anos.

Histórico CBEP

Veja abaixo um pouco do nosso histórico na divulgação da psoríase para pacientes e profissionais da saúde nesses anos de existência do CBEPsoríase:

A psoríase tem passado por grandes mudanças no entendimento da doença e por conseqüência, mudança nos tipos de tratamentos. De uma doença de pele passou a ser considerada uma doença sistêmica, inflamatória e mediada pelo sistema imunológico, onde há base genética.
As informações para a pessoa que tem psoríase e para seus familiares e amigos era restrita a livros técnicos de dermatologia, com difícil entendimento ou ao conteúdo da Internet, muitas vezes parcial ou com viés comercial. Essa falha estimulou-nos a disseminar informações atualizadas sobre a psoríase nas suas várias formas clínicas e implicações na saúde geral e dar orientações a respeito dos tratamentos mais recentes, que demostraram eficácia e segurança à classe médica. A equipe do CBEPsoríase ministrou diversas palestras a leigos e aos profissionais da saúde, elaborou cartilhas, como em 2010 em parceria com o médico e vereador Gilberto Natalini.

Não deixe de ler o livro Psoríase Descobertas Além da Pele, de 2010.

 

Imprima essa Cartilha, no site:

http://www.natalini.com.br/sites/default/files/file/CartilhaPsoriase_v07.pdf

Diversas entrevistas foram realizadas, como nos vídeos (veja na sessão Vídeos) e publicações dos únicos livros em nosso idioma específicos sobre psoríase, desde 2006. Neste ano, o “A Pele Emocional: Controlando a Psoríase“, pela Editora Iglu, desvenda ao leitor com psoríase a complexidade da doença da pele e articulações e como o emocional atua, geralmente não causando o desencadeamento da psoríase, mas sendo causa do viver com essa doença e seus estigmas.

Em quatro anos, muita coisa mudou em relação às causas da psoríase e publicamos dois livros em 2010. Veja abaixo a Introdução original do livro “Psoríase: Descobertas Alem da Pele”.

Introdução

“Psoríase: da Pele ao Coração” foi o título escolhido para minha segunda empreitada didático-profissional. O duplo sentido da palavra coração chama a atenção para esse nobre órgão que pode ser afetado pela ex-doença de pele, psoríase. Outro sentido é o da emoção, da pele emocional que está escamando, como folhas no outono. As escamas se acumulam na superfície, formando placas da psoríase que podem endurecer a emoção da pessoa e parecer ressentimento. Mas não é e pode simbolizar uma defesa daquela pessoa que apenas ficou mais sensível. Esse livro é dedicado a todas as pessoas que buscam uma vida com mais qualidade, para si e para coletividade.
Dezoito capítulos trazendo novas informações científicas e a minha experiência pessoal com estratégias para compreender a vida do paciente que desenvolveu a psoríase. Oferece informação com a pretensão de formação; formação para um melhor enfrentamento.
“Missão cumprida!” foi o que senti, em 2006, ao conseguir publicar o primeiro livro em português sobre psoríase, “A Pele Emocional: Controlando a Psoríase”, destinado a leigos e profissionais da saúde.
Inquieto, reconheço o dever de manter atualizados os pacientes assim como os Residentes de Dermatologia do Hospital Ipiranga e profissionais da fisioterapia, nutrição, enfermagem, podologia e estética. Os oito anos seguidos do Encontro Nacional de Psoríase e Vitiligo, gratuitos, que organizo na Câmara Municipal de São Paulo, em parceria com o médico e vereador Gilberto Natalini, são importantes, mas não são suficientes para atingir os milhares de brasileiros com psoríase.
O volume de novas informações sobre a doença é assustador, porém revela que existe muita gente pesquisando a psoríase e tentando encontrar novos tratamentos mais eficazes e seguros e, quem sabe, a cura. Esses dados, que merecem ser registrados e adaptados à linguagem comum, estão reproduzidos nesta publicação.
Para quem ainda imagina que a psoríase é uma doença emocional, será uma surpresa saber que não é mais considerada uma doença de pele. A psoríase é uma doença sistêmica que atinge a pele na maioria das pessoas, articulações em um terço delas; afeta alguns órgãos levando ao aumento do colesterol, triglicérides, glicemia, e estimula o aumento do peso e obesidade mórbida. Pode, em casos de longa duração e nas formas mais graves, aumentar o risco cardiovascular. São informações que devem ser divulgadas ao maior número de pessoas com psoríase e, principalmente, profissionais da saúde para capacitá-los a um atendimento adequado e eficaz.
Nos 20 anos de formação médica, sendo 10 anos dedicados ao estudo específico e atendimento às pessoas com psoríase, consegui, em 2009, participar de nove congressos específicos de psoríase no Brasil e exterior. Mas um deles, o Psoriasis Summit Meeting-Abbott: The Evolving Environment of Psoriatic Disease, Genebra-Suiça, em junho de 2009, foi marcante ao ouvir dra.Alexa Kimball, professora a Harvard Medical School, EUA. Eu já havia sentido na minha prática diária o que ela relatou na palestra “Psoríase e os Danos Irreversíveis da Vida”, ao enfatizar que o desenvolvimento da psoríase é capaz de mudar para sempre o destino de uma pessoa. Procurar profissão que não tenha que lidar com o público, destruição do casamento ou relacionamentos e mudança até na religiosidade do portador são atitudes comuns que não percebemos em uma consulta médica de rotina e às vezes se dão em nível inconsciente para o paciente.
A maturidade dos meus 48 anos de idade trouxe maior responsabilidade com o outro indivíduo. Quem sabe procurando intervir o mais cedo possível e com tratamentos mais eficazes, nós, dermatologistas, mantenhamos os pacientes sem grandes seqüelas psicológicas e sociais.
O Questionário de Qualidade de Vida, ainda pouco utilizado, é um instrumento útil ao dermatologista, mas o apoio incansável àquela pessoa que padece da psoríase é fundamental. Para isso é preciso disposição de cada um da equipe multidisciplinar e tempo de dedicação.
Desejo que esse livro traga muita reflexão a todos e que juntos, mudemos a triste história da psoríase no Brasil. Multiplique o que aprendeu e conte comigo!

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1889 – 1985), poeta goiana.

Outro lançamento de 2010, destinado aos profissionais da saúde que lidam ou podem vir a lidar, com o paciente de psoríase. Escrito em parceria com o psicólogo Prof.Milton Sabbag Jr. e a nutricionista Marina Yazigi Solis é hoje uma referencia no acadêmico e para quem deseja se atualizar nessa área. Psoríase para Profissionais da Saúde.

Veja a Introdução original deste livro:

A psoríase afeta aproximadamente 2% da população mundial e certamente algumas dessas pessoas utilizam serviços dos profissionais da saúde e estética. Digo “algumas” e não digo “muitas” justamente porque evitam freqüentar salão de beleza, massagistas, fisioterapeutas e podólogos. Há constrangimento ao portar uma doença de pele que pode parecer contagiosa. E não é!
Teoricamente, os profissionais que lidam com essas áreas deveriam saber lidar com o ser humano que já sofre com sua psoríase e que não deveria sofrer da falta de informação ou o pior, com o preconceito. Mudança de atitudes, como vestir luvas, passar gel alcoólico e fingir naturalidade rapidamente são percebidas pela pessoa com psoríase, entristecendo-a ainda mais. Será que isso um dia vai mudar? Talvez sim, para aqueles profissionais que se capacitaram, mas ainda restará o cliente ao lado que pode achar desagradável conviver com aquela pessoa cheia de pele escamando com feridas.
Há anos que ministro palestras para profissionais esteticistas, oferecidas pelo Senac e Escolas Técnicas, e empresas cosméticas em cidades de vários Estados. Fui professor da disciplina da dermatologia da Universidade Anhembi-Morumbi, nos cursos técnicos da Estética e Cosmetologia e também no da Podologia. Pude constatar o conhecimento incompleto sobre a psoríase e passei a imaginar como seria para aquele profissional que não tinha a formação adequada. Todos precisam saber o que não podem fazer e principalmente, o que fazer para ajudar a pessoa com psoríase na pele e articulações.
O Centro Brasileiro de Estudos em Psoríase, pioneiro no Brasil, oferece gratuitamente capacitação no tratamento complementar da psoríase durante os Encontros Municipal e Nacional de Psoríase e Vitiligo. O primeiro curso foi em 25 de outubro de 2003, para esteticistas e cosmetólogas. Nos anos seguintes, o sucesso fez estender para podologia, fisioterapia, enfermagem e em 2009, para nutrição. Nos vários países onde conheci associações de psoríase e participei de congressos médicos não vi nada tão específico e fico humildemente orgulho de estar criando um modelo, que possibilita um novo mercado de trabalho para esse profissional e claro, auxílio fundamental para as pessoas com psoríase e psoríase artropática. O médico e vereador em São Paulo, Dr. Gilberto Natalini, parceiro na organização dos Encontros, luta para mudanças nas políticas de saúde pública a nível municipal e que já começa a servir de modelo para o Estado de São Paulo e algumas capitais.
No livro “A Pele Emocional: Controlando a Psoríase”, publicado em 2006, já havia pequenos textos com protocolos de tratamentos específicos para os esses profissionais. Quantos TCCs (Trabalho de Conclusão de Curso) em psoríase foram iniciados a partir desse livro? Algumas pesquisas com eletroterapia e cosméticos foram iniciadas por leitores e o interesse acadêmico aumenta a cada ano.
O fisioterapeuta que cuida as articulações e tendões da psoríase artropática poderá encaminhar o seu paciente para o profissional da podologia para tratar as unhas distróficas dos pés e mãos, assim como afinar as placas espessas da psoríase palmo-plantar. Este poderá solicitar a intervenção da esteticista quando houver a psoríase em placas na face e corpo. O trabalho da estética não será completo se não encaminhar o paciente com obesidade para programa de reeducação alimentar com a nutricionista. A enfermagem em qualquer área hospitalar ou ambulatorial poderá promover os cuidados na pele do paciente com psoríase e direcioná-lo para tratamentos e cuidados específicos para todos os profissionais. Essa rede profissional é fundamental para educação e orientação ao paciente de psoríase.
Algumas pessoas ainda crêem que a psoríase é uma doença de fundo emocional. Mas a visibilidade das escamas da psoríase leva a alterações de comportamento e pode provocar sofrimento psíquico. Nem sempre o dermatologista terá disponiblidade ou capacidade de lidar com essas questões e poderá encaminhar o paciente para o psicólogo.
A psoríase aumenta o risco cardiovascular. Mais que uma frase de impacto, mostra as rápidas e importantes mudanças no entendimento da psoríase. Nessa nova era em que a psoríase não é mais considerada uma doença de pele e articulações, precisamos envolver todos os profissionais das áreas médica (dermatologista, reumatologista, cardiologista), da saúde (psicologia, enfermagem, fisioterapia, nutrição e podologia) e da estética (esteticistas e cabeleireiro) formando uma Equipe Multidisciplinar onde todos têm seu papel fundamental para apoio, informação e controle da pessoa com psoríase.
Em 2010, publiquei o livro “Psoríase: da Pele ao Coração”, destinado aos pacientes de psoríase e com as atualizações necessárias para um novo entendimento e mudanças de vida. Paralelo ao esse projeto de educação, eu optei por destinar um livro específico a áreas complementares da medicina. Espero que esse primeiro livro “Psoríase para Profissionais da Saúde” tenha uma vida longa, onde a cada ano possa ser reeditado com mais informações, aprofundamentos e colaboração de novos pesquisadores.
Agradeço a colaboração da minha família, Haifa Yazigi Sabbag, mãe e jornalista que fez a revisão do livro e diversas sugestões; meu irmão Milton Sabbag Junior, contando um pouco da sua vivência e entendimento da psicologia da pessoa com psoríase; minha prima, Marina Yazigi Solis que pesquisa e atua na nutrição.

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